A campanha tinha começado às zero horas em ponto, do último dia da Primavera, no Mercado de Corroios. O candidato mais bem posicionado à vitória nestas eleições históricas, tinha sido assassinado na bancada da cozinha de um restaurante elitista (ou etílista, conforme a perspectiva alcoólica...), dos arredores de Lisboa. Foi o maior Repolho da sua espécie nos últimos 50 anos, e chamavam-lhe o “Fenómeno do Entroncamento”, sendo um dos fundadores da Associação de Vegetais e Afins da zona Centro, liderando e fortificando um grande e poderoso lobby no comércio das saladas, sopas e gaspachos.
Eram memoráveis os comícios desta referência histórica no mundo dos vegetais. Falava sobre os problemas da reforma agrária, na lavoura, na desinfestação, na apanha e no transporte, no risco da invasão dos repolhos espanhóis, incitando à criação de um exército de barbas de milho nas fronteiras das plantações, com o objectivo de defender as linhas de cultivo e procriação vegetal, dos ferozes gafanhotos marroquinos. Os seus dotes de oratória política eram conhecidos por todo o mundo, recebendo líderes de outras associações e sindicatos vegetais de renome, como a Couve-de-Bruxelas, o Alho Francês, a Mandioca do Pára, o Tomate Inglês, a Baunilha de Madagáscar, e até representantes do grupo de apoio aos vegetais reclusos nos clepes chineses. Como bom diplomata e relações públicas que era, piscava sempre um olho às outras associações que simbolizavam nichos de mercado em expansão, como o Clube Incrementador das Algas e o grupo extremista “Os Vegetarianos Predestinados”.
A sua morte foi envolta em mistério, mas dizem que após o falecimento, o restaurante organizou uma semana gastronómica, onde se serviram oito dias consecutivos da melhor sopa de repolho e bacalhau no forno de que há memória. Tinha 63 anos de idade, um filho menor de apelido “Repolhão”, e deixou viúva a Batata-Doce, que prontamente se viu assediada pelo Pau de Cabinda.
Apesar disso o processo eleitoral não parou, e nessa altura perfilaram-se dois candidatos possíveis á vitória, que representavam dois grandes grupos no Parlamento da roda dos alimentos: O Tomate do Partido dos Vegetais Unidos, e o Kiwi da União Crescente dos Frutinha.
O primeiro tinha um passado sofrido, sendo um veterano da resistência às fábricas de ketchup na Azambuja, e assistindo à morte de milhares de camaradas, ou esborrachados pelos pneus dos camiões, ou torturados...perdão, triturados e cortados pelas finas lâminas da multinacional estrangeira. Era um socialista de princípios, mas um extremista nas acções de combate político, não olhando a meios nem a recursos para dizimar o adversário. Conta-se que certa vez até contratou umas Anonas assassinas para secretamente aniquilarem o seu mais directo opositor, a Melancia sem pevides.
Eram memoráveis os comícios desta referência histórica no mundo dos vegetais. Falava sobre os problemas da reforma agrária, na lavoura, na desinfestação, na apanha e no transporte, no risco da invasão dos repolhos espanhóis, incitando à criação de um exército de barbas de milho nas fronteiras das plantações, com o objectivo de defender as linhas de cultivo e procriação vegetal, dos ferozes gafanhotos marroquinos. Os seus dotes de oratória política eram conhecidos por todo o mundo, recebendo líderes de outras associações e sindicatos vegetais de renome, como a Couve-de-Bruxelas, o Alho Francês, a Mandioca do Pára, o Tomate Inglês, a Baunilha de Madagáscar, e até representantes do grupo de apoio aos vegetais reclusos nos clepes chineses. Como bom diplomata e relações públicas que era, piscava sempre um olho às outras associações que simbolizavam nichos de mercado em expansão, como o Clube Incrementador das Algas e o grupo extremista “Os Vegetarianos Predestinados”.
A sua morte foi envolta em mistério, mas dizem que após o falecimento, o restaurante organizou uma semana gastronómica, onde se serviram oito dias consecutivos da melhor sopa de repolho e bacalhau no forno de que há memória. Tinha 63 anos de idade, um filho menor de apelido “Repolhão”, e deixou viúva a Batata-Doce, que prontamente se viu assediada pelo Pau de Cabinda.
Apesar disso o processo eleitoral não parou, e nessa altura perfilaram-se dois candidatos possíveis á vitória, que representavam dois grandes grupos no Parlamento da roda dos alimentos: O Tomate do Partido dos Vegetais Unidos, e o Kiwi da União Crescente dos Frutinha.
O primeiro tinha um passado sofrido, sendo um veterano da resistência às fábricas de ketchup na Azambuja, e assistindo à morte de milhares de camaradas, ou esborrachados pelos pneus dos camiões, ou torturados...perdão, triturados e cortados pelas finas lâminas da multinacional estrangeira. Era um socialista de princípios, mas um extremista nas acções de combate político, não olhando a meios nem a recursos para dizimar o adversário. Conta-se que certa vez até contratou umas Anonas assassinas para secretamente aniquilarem o seu mais directo opositor, a Melancia sem pevides.
A União Crescente dos Frutinha, por seu lado, tinha tido a maior ascensão como poderio sectário, na altura dos programas de saúde, onde se recomendava sempre uma peça de fruta a cada refeição, para uma boa e equilibrada alimentação. Houve inclusive o conluio de associações estrangeiras como a Inglesa, que lançaram slogans de campanha como: “one apple a day, keeps the doctor away!”. Na tomada de posse do Kiwi, houve muitas reservas quanto à sua capacidade de liderança, ao seu factor novidade nas saladas de frutas, e sobretudo às suas origens longínquas e antípodas das nossas. Era sempre visto como um emigrante de segunda geração, e ainda por cima nunca desfazia a barba!
A sua corrente ideológica estava mais na linha sindicalista e reivindicativa, com modelos como Lula, Wallesa e Torres Couto, mas ao mesmo tempo unificadora e propulsora das economias de mercado em grande escala, sendo um acérrimo defensor das fruticulturas como cerne de desenvolvimento do país. É verdade que se tivermos uma boa fruta, o crescimento acontece!
O debate derradeiro ocorreu no próprio mercado, onde as bancadas de fruta se acotovelavam com as bancadas da hortaliça e afins, enquanto o peixe e a carne ficavam às moscas. Afirmações provocatórias como “sua cabeça de alho chocho”; “és um ganda nabo”; “a juliana não abana”; e “a beterraba é comuna”, eram prontamente rebatidas com graciosidades da mesma ordem e calibre, do grupo do Tomate: “seu cabeça de melão”, “vou-te á fruta”, “ó ananás vais levar por trás”, “abaixo a macedónia”, e o clássico: “levas um banano, que nem sabes de que terra és...”
Nesse dia o clima estava tenso, o ar estava gordo, e o frigorífico mantinha as alfaces frescas. Mas os candidatos não se pouparam a esforços para digladiarem os seus projectos de intenções, as suas propostas eleitorais diversas, e até houve espaço para o leilão de uma couve roxa albina, uma verdadeira pérola da lavoura. Os especialistas dizem que houve um empate técnico, os comentadores não arriscam comentar, e a Dona Celeste da mercearia diz que os devíamos papar a todos!
Dois dias depois das eleições, e depois da contagem de votos em papel vegetal, o vencedor foi anunciado com surpresa pelo conselho de veteranos da ramagem, o Sr.Galho, com a devida pompa e circunstância:
- Tenho a anunciar meus senhores e minhas senhoras, que o comité regional de eleições suburbanas, segundo as regras da teoria do fole aplicadas à searinha da Camacha, declara como vencedor destas disputadas, ferozes, rasmenatadas e proscíbulas eleições...........a mui ilustre e saborosa Banana da Madeira!!!!!!!!!
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