fole
Há quem diga que isso se deve ao fole e à sua famosa teoria, desenvolvida há muitos séculos por uma qualquer congregação secreta, que exercia a sua acção no campo das ciências do na altura “ó-culto”. Esta ciência era cantada diáriamente do cimo da torre mais alta de um grupo de aldeias de anões e cavalos pirilimpampantes, por um período de 32 minutos e 7 segundos.
s. m.
1. Instrumento para soprar o lume, para introduzir ar nos canos do órgão, etc.
2. Taleira de couro.
3. Passadeira de couro, nos arreios das muares de diligências.
4. Árvore da Guiné.
5. Pop. Estômago.
6. Tufo, papo (na roupa que não assenta bem).
7. Parte dobrável e extensível de uma câmara fotográfica.
8. Caixa de acordeão.
9. Cam.-de-f. Corredor flexível de comunicações entre duas carruagens de passageiros.
adj. 2 gén.
adj. 2 gén.
10. Ant. Que é de má índole.
11. Beira Fruto podre ou nervado.
1. Instrumento para soprar o lume, para introduzir ar nos canos do órgão, etc.
2. Taleira de couro.
3. Passadeira de couro, nos arreios das muares de diligências.
4. Árvore da Guiné.
5. Pop. Estômago.
6. Tufo, papo (na roupa que não assenta bem).
7. Parte dobrável e extensível de uma câmara fotográfica.
8. Caixa de acordeão.
9. Cam.-de-f. Corredor flexível de comunicações entre duas carruagens de passageiros.
adj. 2 gén.
adj. 2 gén.
10. Ant. Que é de má índole.
11. Beira Fruto podre ou nervado.
A sanfona sempre foi um instrumento que me agradou. Adapta-se à música tradicional, popular, clássica, erudita, e até o jazz a utiliza nas suas peças virtuosas numa muitas vezes aparente anarquia musical. Existem magníficos executantes deste instrumento que imprimem uma força e sonoridade única às músicas que interpretam.
Há quem diga que isso se deve ao fole e à sua famosa teoria, desenvolvida há muitos séculos por uma qualquer congregação secreta, que exercia a sua acção no campo das ciências do na altura “ó-culto”. Esta ciência era cantada diáriamente do cimo da torre mais alta de um grupo de aldeias de anões e cavalos pirilimpampantes, por um período de 32 minutos e 7 segundos.
Normalmente, essa digamos...oração, era acompanhada pelo som da fanfarra do Grupo de Amigos das Aldeias de Anões e Cavalos Pirilimpampantes (GAAACP), aparecendo como único solista a sanfona e o seu tocante de teclas, enquanto que a conjugação do verbo Pirilimpampar ocorria de forma harmoniosa e cadente:
“Eu Pirilimpampo
Tu Pirilimpampas
Ele Pirilimpampa
Nós Pirilimpampamos
Vós Pirilimpampais
Eles Pirilimpampam”
Tu Pirilimpampas
Ele Pirilimpampa
Nós Pirilimpampamos
Vós Pirilimpampais
Eles Pirilimpampam”
Este acompanhamento vocal era feito por um ganso amestrado e três velhinhas, que pelo simples facto de lhes faltar o ar para manter o "si" no sítio, emitiam cada uma, numa voz fininha, frágil e oscilante nas notas, harmónios e dinâmicas pouco celestiais. Estas figurinhas, mantinham sempre um ar compenetrado e profissional, quebrado apenas pelas inúmeras caretas hilariantes de boquinhas e olhos esbugalhados às notas agudas. Neste ramalhete, o coitado do ganso servia de sineta ao princípio e fim da música, com um sonoro “Quac” quando se lhe apertava o gasganete...
Mas a evolução da sanfona sofreu várias transformações e já não é apenas exclusiva do GAAAC. Hoje em dia existem sanfonas, acordeões, concertinas, gaitas e dezenas de versões caseiras, daquilo que é hoje também chamado o piano mais portátil do mundo.
O fole e toda maquinaria de teclas e botões que armadilham estas peças de arte custam centenas de euros, e é por esta razão que este é um desporto caro, mas cuja verdadeira vantagem é adaptar-se a qualquer tipo de instrumento em parelha. Já se viram sanfonas com as panpipes dos Andes, acordeões com solos de ukéléles, e concertinas com acompanhamentos de castanholas de osso de tucano das ilhas Vanuatu.
Mas a combinação mais perfeita é a da Sanfona Alpina, que consegue emitir notas em frequência gama, aliada ao grupo amador de largadores de traques estereofónicos. Este é um grupo de origem recente, oriundo de uma aldeia transmontana tradicional, constituído por 16 aldeões séniores, agrupados em diferentes categorias de peso, cujos elementos emitem a partir das suas próprias tubuladuras de gases interiores, as diferentes notas que irão constituir a harmonia final. Este conjunto destaca-se por possuir uma maior escala sonora que a habitual, conseguindo reproduzir para além das notas tradicionais constituidas pelo dó-ré-mi-fá-só-lá-sí-dó, o mais perfeito do “fóooooo”! Estas magníficas performances são sempre optimizadas através de técnicas de aumento da chamada “ventanajem inferior”. Este doping é sempre conseguido por uma dieta de forte feijoada e grão-de-bico, três ou quatro dias antes dos espectáculos, que ocorrem perante multidões frenéticas que concorrem a estas performances únicas e originais.
No fundo, a brilhante Teoria do Fole é a pedra chave no desenvolvimento de qualquer nova criação, e é aplicável em todos os campos das artes e letras. A sua fácil aplicação e os seus fundamentos fortemente científicos, são uma grande mais valia em qualquer sociedade organizada e evoluída.
Ela vai aparecer em todos os trabalhos realizados nesta humilde secção, de uma forma ou de outra, umas vezes mais alegre, outras mais esquizofrénica e outras até sob a forma de nuvem que também sorri, mesmo que com chuva.
Remata-se a crónica introdutória com uma salva ao melhor sanfonista dos Algarves e arredores (mais ou menos até Marte...):
“Viva il virtuoso Pipas y su sanfona di fole!”