sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Liberdade



A liberdade é uma dimensão com uma importância espantosa! Uma importância que deveria ser usada e utilizada por todos. Pelo próprio, pelo outro, pela comunidade, pelo povo, pelo mundo. 
Começa por ser um conceito primeiramente individual, e só depois se estende de forma colectiva. Não é para todos, não é fomentada por todos, mas todos a deveriam poder exercer e dela fruir.

Curioso como já de si, algo que não devia possuir amarras, está contido pelos muros da palavra. Se pensarmos numa lógica puramente linguística, sentimos que a palavra liberdade fica truncada e manietada da sua verdadeira abrangência. Se lhe trocarmos as letras ou invertermos a ordem, o significado deixa de existir, a palavra já não existe! Refém da sua existência visual e escrita.

A prisão física é o componente mais ilustrativo da perda de liberdade. O cercearem-nos da liberdade de movimentos, de não podermos extravasar uma zona delimitada é uma condicionante terrível. Como verão o mundo os presidiários, pelas grades de uma janela que os impede de libertar o seu corpo? Esta limitação aos nossos movimentos e a imposição de regras, sem dúvida representa um castigo e uma punição pesada naquelas vidas sentenciadas. Os mesmos muros e as mesmas rotinas que desgastam os corpos, e que por sua vez arrastam as mentes para um caminho de resiliência, mais do que resistência.

Se repararmos nas nossas vidas, reconhecemos que muitas têm a sua liberdade condicionada pelo trabalho, pela família, pelo estado, pela falta de dinheiro, e por muitas outras diversas circunstâncias. Existe na maioria dos casos, uma realidade ou uma conjuntura que nalguma etapa do desenrolar da nossa liberdade, se interpõe e nos obstaculiza o avanço no terreno. Mas a liberdade vai em crescendo, progredindo e somando pequenas liberdades que nos dão até mais autoconfiança. Em última instância e extremando as situações, tudo nos pode condicionar, mas conscientemente não podemos actuar plenamente livres em todas as opções, pois isso nos poderia levar à apologia da anarquia e ao princípio do caos. Estou em crer que todas estas fronteiras que nos condicionam e delimitam a expansão das nossas escolhas, se transformam numa barreira natural ao excesso de liberdade que poderíamos eventualmente tomar. Senão, onde iríamos parar? 
Em crescendo de liberdade corremos o risco de cair na libertinagem...

Haverá algum limite à liberdade, ou ela pode ser infinita...? Em teoria, devíamos sempre reger os nossos princípios por aquilo que pensamos e escolhemos fazer, mas será que isso é o melhor para nós ou para o outro? Será que não colide com nenhum arco de conforto de terceiros?

A verdade é que a liberdade individual e as suas escolhas nunca serão demais, e o verdadeiro limite deve ser aquele que cruza com a independência do outro. Isto é, a minha liberdade de acção é em teoria total quando essa acção não afecta terceiros. Quando não ofende, quando não interfere, quando não influencia negativamente ninguém nem o próprio. Esse deverá ser o limite da nossa liberdade. Deveria ser uma regra básica e para mim constitui-se como um pensamento chave na construção de uma sociedade justa e tolerante. A liberdade é o direito de fazer tudo quanto não prejudique a liberdade dos outros.

Um dos aspectos mais valiosos da liberdade que temos, é a de poder escolher o nosso destino sem condicionalismos, sem interposições, sem preconceitos. Ser livre de traçar o nosso rumo e de fazer as nossas escolhas de vida é de uma riqueza imensa, porque nos faz passar por um exercício importante para a maturidade que é a análise e reflexão. Depois de analisarmos e reflectirmos sobre o que quer que seja, tiramos as nossas conclusões e assumimos os nossos caminhos. Se tivermos a liberdade de poder escolher o melhor, então seremos felizes porque pudemos optar. E a liberdade verdadeira não se compadece de fios ou amarras que lhe tolham o rumo, ou por ventos que a puxem para trás. Mas para termos estas opções temos de estar munidos de instrumentos que nos possam dar a tal liberdade de escolha. A autonomia física, a emocional, a financeira, a laboral, são muito mais determinantes que a independência, porque implicam uma gestão do próprio. Mesmo que dependam de algo ou de alguém, têm implícito um envolvimento e uma aprendizagem em moldes positivos.

No entanto, de nada valeriam todas estas liberdades, se não existisse a mais importante de todas: o pensamento! Aqui a liberdade é infinita, as fronteiras não existem, e a capacidade de produção pode testar os mais diversos modelos e cenários sem qualquer limite. Por isso o pensamento nunca poderá ser preso e será sempre livre de divagar sem paredes invisíveis que lhe borrem o alcance do horizonte. É esse o último reduto do homem. 
Podem prendê-lo atrás de grades, podem tapar-lhe a boca, podem torturá-lo, podem privá-lo de tudo, que o seu pensamento conseguirá gritar mais alto e sobrepor-se a aquilo que lhe querem impor.

Cabe-nos dar o exemplo de uma liberdade sã e contagiante.

Pratiquemos a liberdade e lutemos para que os outros a possam exercer também!

"Find your freedom. Live your life. Free the world" 


Um abraço livre