domingo, 10 de agosto de 2014

A cereja no topo


Trabalho, honestidade e.....bom senso! Este é o ingrediente em falta para completar a minha trilogia de sucesso.
Ninguém sabe o que é, mas todos o usamos no dia-a-dia. Ou pelo menos todos o deveríamos usar....

Por um lado funciona como um sexto sentido, em que intuitivamente assumimos as nossas opções, por outro lado funciona com uma análise racional e pensada daquilo que vamos decidir.

Chamemos-lhe a opção pelo feeling, e a decisão pela táctica do xadrez.

No feeling, que nem toda a gente possui, o bom senso é aplicado mais ou menos ao calhas, e apenas pelo faro de que se tomarmos aquele caminho as coisas vão funcionar bem. Mas não é suportado por nenhum indicador à vista. Digo à vista, porque provavelmente os inputs que fomos recebendo ao longo da vida, dão-nos confiança empírica de que a opção acertada será aquela. Aqui o anglicismo expressa na perfeição a génese, e resume um abstrato que fundamenta esta lógica-pouco-lógica. Podemos dar como exemplo, o bom senso de contornar um beco escuro para chegar são e salvo ao destino. É quase como uma intuição que nos indica a melhor malha.

Enquanto o feeling funciona como um instinto primitivo, o bom senso aplicado com a regra do xadrez é mais elaborado e racional. Tal como no xadrez, o jogador avalia o tabuleiro, analisa a jogada e sabe que com aquela jogada, poderá ter uma série de sequências na cabeça que lhe permitirão reagir conforme o movimento das peças brancas. Ele sabe e consegue prever as diversas alternativas que se desencadeiam por mover a torre para E4. Não é futurologia, mas apenas uma dedução de combinações que se podem suceder de forma matemática até prevermos o xeque-mate.

Tomemos como exemplo aparentemente estranho, a discussão ocasional de dois transeuntes! O bom senso nos dirá que devemos intervir sem tomar partido apaziguando os ânimos, porque o nosso objectivo é que ninguém se aleije, sabendo de antemão que o restante processo de (des)entendimento não nos caberá a nós. Mas antes desta intervenção, devemos prever todo o processo mentalmente: se há condições de segurança, se estão armados, se aparentam pouca ou muita ferocidade, se têm indícios de doença mental, se temos ajuda por perto, etc, etc, etc. Ou seja, nesta modalidade aplicamos o bom senso de forma racional e estimada, avaliando os riscos e benefícios do cenário em questão.

Podemos quase inferir, que o bom senso não sendo uma ciência exacta, se comporta em alguns aspectos como uma ciência. Na análise, na ponderação, na colocação de hipóteses e metodologia própria de confirmação, eventualmente até no campo da própria experimentação.

O bom senso aplica-se sempre numa encruzilhada, numa paragem, numa tomada de rumo que irá determinar qual o caminho a enveredar. E é este factor que determinará o sucesso da opção escolhida. Porque podemos trabalhar muito e ser muito honestos, mas nas verdadeiras decisões de vida, o bom senso é que vai fazer a diferença. A diferença para o positivo, para o rentável, para o gerador de ganhos e conquistas que lançam pontes e ampliam ligações capazes de gerar mais sucesso. No fundo é aquele toque de magia que distingue muitas vezes o bom do excelente!

O senso é um domínio que somos chamados a exercitar em todas as tarefas do dia a dia. As que têm mais impacto são geralmente mais exigentes, e demonstram uma maior capacidade na sua aplicação. Uma teoria do fole num exemplo real, exige uma grande dose de senso, para que a loucura não se derrame e invada de letras este ecrã. Desde que acordamos até que nos deitamos, o senso é aplicado em tudo. Nas ocasiões e nas acções. Todavia, enquanto o senso é aplicado por todos de forma universal, o que distingue uns dos outros é a diferença daqueles que utilizam o senso, daqueles que utilizam o "bom senso" que falamos. Os primeiros usam-no por necessidade, os segundos para resolver uma necessidade com eficácia. Jogar à bola todos jogamos, mas marcar golos nem todos...

O bom senso implica também saltar cercas. Superar chavões e disciplinas balizadoras, sulcando um caminho para alcançar o sucesso. É por isso que nenhum fundamentalista pode ser sensato, pois a aplicação cega de uma regra não permite a maleabilidade suficiente para reconhecer que ao tomar determinada acção através duma conduta inflexível, ela o vai impedir de alcançar muitas vezes o desiderato correcto. Podemos quase chegar ao exagero idealista de afirmar que as regras foram feitas para as quebrar. Por isso o fundamentalista puro não alcança o sucesso pleno. Porque se bloqueia nas suas próprias soluções estanques, e não introduz as circunstâncias na sua equação de solução, agindo irredutívelmente numa solução quadrada e limitada.

Não tenho dúvida que o bom senso é o calço que possibilita o acesso ao sucesso, e a prova disso é a de que os grandes estadistas e universalmente reconhecidos como personalidades consensuais, utilizaram o seu bom senso em questões sensíveis e delicadas. Ghandi com a sua atitude pacifista evitou uma guerra civil que seria terrível, Obama com a sua gestão de bons-sensos leva à reforma do sistema de saúde americano, e mesmo o Papa Francisco consegue reunir várias religiões, passando a mensagem da paz de forma universal.

O bom senso é também um processo de aprendizagem, de maturidade, e muito denota de ponderação. É importante que analisemos os seus processos de aplicação para que possamos corrigir erros e transmitir essas experiências a outros. Por defeito, os idosos tem em regra uma aplicação do bom senso mais optimizada e aperfeiçoada. Não é também à toa que habitualmente, as pessoas lhes pedem conselhos e opiniões. Tem a ver com este processo de tentativa-erro e feeling que cada um possui.

Ninguém se pode prender à obsessividade de alcançar o bom senso absoluto porque é quase impossível, mas concluo tal como comecei: trabalho e honestidade como a base da trilogia, e bom senso aplicado no topo do vértice!

Esta é a fórmula da trilogia do sucesso!

Bons feelings, então!